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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sabe o que são os "brasileiros de plástico"? Você torcerá por eles em 2016

Eles foram criticados e vítimas de certo preconceito antes da última edição dos Jogos Olímpicos. Ganharam rótulo depreciativo e olhares tortos de um povo nacionalista ao extremo. E depois, com medalhas, caminharam do estigma à redenção. Essa é a história dos "britânicos de plástico", como ficaram conhecidos os atletas que se naturalizaram para competir pela Grã-Bretanha em Londres-2012 - 61 entre os 542 que representaram o país. O fundista Mo Farah, nascido na Somália, ganhou dois ouros no atletismo e capitaneou uma legião de britânicos "não originais" (cerca de 50) que arremataram 24 das 65 medalhas que o Reino Unido conquistou em casa. Tradicionais publicações locais, como o jornal The Guardian, os chamaram de "o segredo do sucesso" do "GB Team" (Equipe da Grã-Bretanha), que pulou de 47 medalhas em 2008 para 18 a mais nos Jogos seguinte. Em 2016, será a vez de o Brasil receber os Jogos Olímpicos. E assim como aconteceu em Londres-2012, o dono da casa resolveu recorrer a "brasileiros de plástico" para turbinar o desempenho esportivo. O número é bem menor do que o do último anfitrião, é verdade, mas o contingente de atletas importados já tem crescimento significativo no país sul-americano em comparação com a última participação no evento. Em Pequim-2008, o Brasil não tinha nenhum estrangeiro. Em 2012, houve dois casos. Ambos podem estar também na edição do Rio: o norte-americano Larry Taylor, no basquete, e a chinesa Gui Lin, no tênis de mesa. Em 2016, porém, Larry Taylor e Gui Lin podem ser apenas parte de um grupo bem maior. A lista é puxada pelo polo aquático, que pode ter até sete atletas que já defenderam outras seleções. A lista foi montada pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) depois de a entidade ter identificado que faltava experiência internacional à seleção brasileira, ausente dos Jogos Olímpicos desde 1984. "O brasileiro tem habilidade para o esporte, mas talvez a gente tenha de identificar um perfil diferente, com jogadores mais altos e fortes. É uma questão de opção: garotos mais altos e fortes preferem o basquete ou o voleibol. Temos de puxar essa garotada maior, e os Jogos Olímpicos estão aí para isso. Queremos ter uma base forte para chamar atenção e deixar um legado", disse Ricardo Cabral, responsável pelo polo aquático na CBDA. A lista de estrangeiros que podem defender o polo aquático brasileiro é formada por perfis bem diferentes. Felipe Perrone, por exemplo, já defendeu a seleção brasileira, mas trocou o país natal pela Espanha quando tinha 17 anos. Chegou a ser capitão da seleção europeia. "Saí do Brasil porque não me senti realmente representado pelo país. O esporte tinha pouco espaço, pouca divulgação, e os jogadores eram amadores. Fui para a Espanha em 2003, e em 2005 eu comecei a jogar pela seleção", contou Perrone, cuja avó nasceu na Catalunha. O jogador é tratado pela CBDA como o ponto nevrálgico na montagem da nova seleção. A história de Tony Azevedo é diferente. Filho de brasileiros, ele foi vice-campeão olímpico de polo aquático pelos Estados Unidos em Pequim-2008. A lista de estrangeiros ainda tem um grupo que tenta naturalização brasileira, formado pelo espanhol Adriá Delgado, o australiano Pietro Figlioli, o cubano Ives González, o croata Josip Vrlic e o sérvio Slobodan Soro. A Fina (Federação Internacional de Natação) faz duas imposições para que um atleta possa mudar de nacionalidade: ele deve morar no novo país por pelo menos um ano e deve ficar um ano longe da seleção anterior. É o caso de Adriá, que atua no Fluminense. Natural de Barcelona, ele havia jogado nas categorias de base da Espanha e esteve no Brasil pela primeira vez há quatro anos. "Em 2010, falei com o meu pai sobre a possibilidade de ter dupla cidadania e assim poder ir para o Brasil de férias ou para jogar o que eu mais gosto, que é o polo aquático. Disputei meu primeiro jogo em maio de 2013, e foi uma estreia inesquecível: ganhamos pela primeira vez na história dos Estados Unidos na casa deles", relatou o atleta. A diferença que os "brasileiros de plástico" podem fazer no polo aquático é facilmente mensurável. No ano passado, na semifinal da Liga Nacional, o Fluminense bateu o Flamengo por 20 a 7. Felipe Perrone fez oito gols em apenas 11 minutos na piscina.

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