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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Jayme Monjardim diz que não existe sucesso sem derrapadas

Quando erro, procuro entender e reverter isso em uma próxima oportunidade. Não existe sucesso sem umas derrapadas", analisa. E é com vontade de acertar que ele se une novamente a Walther Negrão, com quem trabalhou pela última vez em A Casa das Sete Mulheres, de 2003, na solar Flor do Caribe, atual novela das seis, na qual acredita ter os ingredientes certos para conquistar o público de um horário cada vez mais difícil e de audiência oscilante. "Temos boa história, protagonistas carismáticos e cenas de tirar o fôlego. Estou totalmente empenhado nesse projeto e acredito na junção de ação e boa atuação", valoriza. Paulista, filho da falecida cantora Maysa e descendente do famoso clã Matarazzo – história que ele mesmo, em parceria com Manoel Carlos, já levou para a tevê em Maysa – Quando Fala O Coração, de 2008 –, Monjardim é do tipo que defende cada projeto com o mesmo brilho nos olhos do jovem que se formou em Cinema em meados dos anos 1970. Por trás de sucessos como Pantanal, exibida pela extinta Manchete em 1989, e Terra Nostra, de 1999, da Globo, ele quer conciliar cada vez mais a função de diretor de tevê com a de cineasta. Depois do controverso Olga, de 2004, Monjardim se prepara para lançar sua versão de O Tempo e O Vento, longa baseado no clássico de Érico Veríssimo. E já arquiteta uma incursão por filmes com roteiros mais contemporâneos. "O exercício do cinema me recicla como diretor e agrega de forma positiva ao meu trabalho na tevê", garante ele que, paralelamente ao trabalho em Flor do Caribe, já começa a pensar a direção da próxima trama de Manoel Carlos, prevista para ir ao ar em 2014, no horário das nove. "Já estamos resolvendo questões de elenco e opções estéticas", adianta. O Fuxico: Com o Ibope abaixo do esperado de tramas como Amor Eterno Amor e Lado a Lado, o horário das seis não passa por um bom momento de audiência. Você acredita que, com o desenrolar da história, Flor do Caribe possa reverter esse quadro? Jayme Monjardim: O sucesso ou o fracasso de uma novela é sempre uma incógnita. Pegamos a audiência da faixa abaixo dos 20 pontos, quando o ideal seria 25. Mas acredito que a trama tenha força para conquistar a massa. Acho que o maior trunfo do Walther nesse trabalho é a grande história que ele quer contar. Além disso, eu confio muito no elenco que escolhemos. OF: Uma de suas apostas para a novela é o ator Igor Rickli, intérprete do vilão Alberto. Você está contente com o desempenho dele em um papel central da trama? JM: Não tenho do que reclamar. A primeira vez que pude trabalhar com ele foi durante as filmagens de O Tempo e O Vento, longa que será lançado no segundo semestre, e ele me mostrou segurança. As pessoas criticam o fato de a tevê repetir sempre o mesmo elenco, assim como criticam a aposta em um novo nome. Estou satisfeito com as minhas escolhas. Walther também. É legal dar esse frescor ao horário. A faixa das seis nos permite essa ousadia. OF: O Walther é conhecido por tramas praianas como Tropicaliente (1994) e Como Uma Onda (2004). Você se preocupou em distanciar-se dessas referências para dirigir Flor do Caribe? JM: Pelo contrário! Eu fui buscar inspiração nas novelas antigas dele. Eu só tinha trabalhado com o Walther em Direito de Amar (1987) e A Casa das Sete Mulheres (2003), trabalhos diferentes do que ele está acostumado a mostrar na tevê. A partir do momento em que assumi uma trama solar, algo que caracteriza o trabalho dele, eu quis trazer referências, sobretudo de Tropicaliente, que foi um grande sucesso. OF: Sua estreia como diretor-geral foi em 1987. Ao longo dos anos, você foi responsável pela direção de produções como Pantanal, Terra Nostra e O Clone. O que sua visão de diretor apresenta de novo em Flor do Caribe? JM: Acho que trago para essa novela um acabamento muito preciso. Entre uma das novidades, eu destaco a "noite americana" (técnica de gravar uma imagem durante o dia e, com a ajuda de filtros e ajustes de luz, simular a noite). Acho que é a primeira vez que essa técnica é utilizada na tevê brasileira. O resultado é incrível e vale o esforço, até porque, para se obter uma boa cena, é necessário gravar com o sol a pino, ao meio-dia (risos). Assisti umas 20 vezes a Lawrence da Árabia (longa de 1962), que é uma fonte para diretores que gostam desse tipo de cena. OF: Flor do Caribe abusa de cenas de ação em sequências de voos, fugas e perseguições. Qual foi a cena mais difícil de ser realizada até agora? JM: É complicado citar apenas uma cena, pois acredito que, do ponto de vista técnico, Flor do Caribe é uma das novelas mais difíceis da minha carreira. Foi preciso muita dedicação da equipe e do elenco para entregar essa novela. O Walther não economizou em escrever cenas de aventura. As cenas aéreas com os pilotos de caça foram muito complexas. Assim como a passagem do Cassiano pelo Caribe. Ficamos sete dias gravando em cavernas para ter o retrato perfeito do que o personagem passou. Essa mistura de realidade e clima de aventura me empolga.

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